Os mitos da Patagônia e o Culto dos argentinos a Gauchito Gil e Defunta Correa

A região da Patagônia, Terra do Fogo e a Argentina em geral é recheada de mitos, lendas e histórias de figuras religiosas de devoção popular. De fantasias do mal existe o Chaltén por exemplo, um espírito hostil que impede com os ventos, raios e tremores de terra que montanhas sejam escaladas; tem também a Cahuacahua, uma enorme víbora que exala um gás mortal pela boca. Do bem, a Anchimalgen é uma entidade feminina jovem e bela, feita de luz, que  afasta os maus espíritos e se manifesta em forma de lhama.

Mas duas figuras religiosas populares são a grande devoção do povo argentino, Gauchito Gil e Defunta Correa; embora nenhum deles seja aceito como santo na liturgia católica. Deolinda Correa era o nome da Defunta Correa, uma das mais importantes santas populares da Argentina. Ela era mulher de um soldado que lutava nas guerras civis na Argentina no século XIX. A mulher foi atrás no marido, seguindo a trilha da tropa, com seu bebê nos braços. Depois de longa caminhada, cansada, em pleno deserto e sem água, Deolinda morreu de sede.

Dias depois, homens viram o corpo sem vida de Deolinda e, em seus braços o bebê ainda mamava nos seios cheios de leite da mãe morta. O local da morte de Deolinda se transformou num santuário, onde as pessoas deixam garrafas de água para saciar a eterna sede da Defunta Correa, grande peregrinação e busca de milagres de saúde e proteção de viajantes.

O culto à Defunta Correa espalha-se ao longo das estradas argentinas, onde, nas encruzilhadas, são encontradas referências à santa popular e garrafas de água em sua homenagem. Nós encontramos diversos santuários dedicado à Defunta Correa Ruta 3, a icônica estrada que vai até o Ushuaia, sempre com muitas oferendas como garrafas de água, flores, bebida e entre outros.

Outro santo muito popular no país é Gauchito Gil.  Acusado de desertar do exército depois de lutar na Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) e defender o Partido Autonomista na guerra civil de Corrientes, o gaúcho Antonio Mamerto Gil Núñez foi condenado à morte. Prestes a ser degolado, Gauchito Gil disse a seu carrasco que quando chegasse iria encontrar seu filho muito doente e que deveria rezar por ele, Gil, para que ele se salvasse, pois ele estaria derramando o sangue de um inocente.

Acreditava-se que invocar o sangue de um inocente era milagroso. Ao chegar em casa, o homem encontrou o filho à beira da morte. Orou por Gauchito Gil e o menino sarou milagrosamente. Assim, ele deu ao corpo de Gil um enterro apropriado e, em seguida, foi construído um santuário, onde ele é adorado até hoje. É tradição envolver o altar com bandeiras vermelhas ou pintar de vermelho os santuário a Gauchito Gil, em referência ao Partido Autonomista da província de Corrientes.

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